O Brasil ainda está muito longe de se tornar uma sociedade mais igualitária, apesar dos avanços significativos da última década, quando milhões de pobres subiram para as classes médias, de acordo com o Censo de 2010.
Entre as desigualdades mais aparentes, os dados descobriram que 25% da população ainda vivem com uma renda média per capita de até 188 reais e metade da população com até 375 reais. Isso comparado com o salário mínimo de 510 reais em 2010.“Os resultados do Censo de 2010 mostram que a desigualdade de renda ainda é muito forte no Brasil, apesar da tendência declinante observada em anos recentes”, disse o escritório de dados governamental, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — conhecido como IBGE.
Uma vez notório por sua divisão entre ricos e pobres, o Brasil deu grandes passos na última década. A ascensão de uma nova classe média, que está atraindo uma onda de investimentos multinacionais, de companhias de automóveis a fabricantes de alimentos, que competem por uma fatia do mercado, foi possível graças a aumentos do salário mínimo, melhoria dos benefícios de bem estar social e um gerenciamento econômico estável.Em particular, governos sucessivos foram capazes de acabar com a inflação desenfreada, que erodia o valor dos salários e a poupança dos que ganhavam menos, enquanto beneficiava os que eram suficientemente ricos para comprar propriedades ou poupar em dólares.
De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas, uma instituição acadêmica, um número estimado de 33 milhões de pessoas subiram para as assim-chamadas “novas classes médias” desde 2003. Hoje, 105,5 dos 190 milhões de brasileiros pertencem a este grupo, ganhando entre 1.200 e 5.174 reais por domicílio.Mas o Censo indica que centenas de milhões de pessoas ainda precisam avançar ou foram deixados completamente para trás. Discrepâncias entre as raças são as maiores. O salário médio mensal dos brasileiros brancos era de 1.538 reais em 2010, de orientais 1.574, quase o dobro dos salários de negros ou pardos, com 834 reais e 845 reais, respectivamente, e mais que o dobro dos indígenas, de 735 reais.
Os brancos também vivem mais, enquanto negros e pardos representam maior proporção entre as pessoas de menos de 40 anos de idade. “Os brancos tem maior proporção entre as pessoas na terceira idade — os com mais de 65 anos, mas especialmente os com mais de 80 anos — o que provavelmente está ligado a diferenças nas condições de vida, acesso a tratamentos de saúde, além de distribuição desigual de renda”, disse o IBGE.O mesmo padrão é visto nos níveis de analfabetismo. Embora a taxa de analfabetismo nacional dos que tem mais de 15 anos tenha caído de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010, chega a 28% em algumas cidades médias nas regiões mais pobres do Nordeste.
O analfabetismo entre os negros era de 14,4% e entre os pardos de 13% em 2010, quase o dobro do índice de analfabetismo entre os brasileiros brancos, de 5,9%.De: A imensidão do que ainda há por fazer: