Para investigar as causas e as consequências dos incêndios que vêm ocorrendo com frequência cada vez maior na capital paulista, projeto cria mapa interativo
Por Mayara Penina, no Blog Mural
“Por que os incêndios em favelas de São Paulo ocorrem, onde e o que acontece com os moradores desses lugares depois?”. Foi para responder essas perguntas que a jornalista Patrícia Cornils começou a tabular as matérias que saíram na imprensa sobre os incêndios.
A partir desses dados, nasceu a plataforma “Fogo no Barraco” que, de maneira colaborativa, fornece informações sobre os incêndios que acontecem nas favelas paulistanas desde 2004, além de cruzar com informações sobre a valorização imobiliária dos bairros.
“Depois do incêndio do Morro do Piolho ou do Jardim Sônia Ribeiro [Dia 3/9 no Campo Belo, zona sul da capital], abri a tabela no Facebook e pedi ajuda para completar os dados. Dezenas de pessoas ajudaram. O Pedro e mais algumas pessoas pegaram as informações e mapearam. E ainda não acabou, estamos recebendo informações, sugestões, e ajuda”, conta Patrícia, que é integrante da comunidade Transparência Hacker.
O programador Pedro Moraes nem conhecia Patrícia antes de ver seu post sobre a planilha sendo retuitado. “Comecei a discutir com alguns amigos a possibilidade de transformar os dados em uma ferramenta visual. Ainda está no começo, vamos integrar muito mais números nos próximos dias e, felizmente, está aparecendo muita gente disposta a ajudar”, comemora.
Paraisópolis, na zona sul, foi a última atingida por um incêndio, em 10/9. As famílias desabrigadas estão em casas de amigos e parentes. Segundo o presidente da Associação de Moradores e Comércio, Joildo Santos, até segunda-feira elas serão contempladas com o aluguel social.
Foram registrados 33 incêndios em favelas da capital paulista desde janeiro. Destes, nove foram em áreas que aumentaram o valor no mercado imobiliário, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
O tema chamou a atenção da Câmara Municipal, que abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a possibilidade de se tratar de uma atuação criminosa. Porém, a CPI não realizou qualquer investigação até agora. A terceira reunião ocorreu em 12/9 e haverá outra dia 23.
Clique aqui para conhecer o projeto e contribuir.
Mayara Penina, 22, é correspondente de Paraisópolis.
@emayara
mayarapenina.mural@gmail.com