Proponho que se comece a pensar na PRIMEIRIZAÇÃO, que vai no sentido contrário ao da terceirização. Na terceirização, coloca-se mais um patrão na jogada. Na Primeirização, acaba-se com as figuras do patrão e do empregado, as duas faces do patronato. Ninguém poderia comprar trabalho de pessoas físicas. Só empresas poderiam vender serviços.
Assim, só os sócios das empresas poderiam trabalhar. Sem impedir o empreendedorismo individual, este arranjo produtivo faria os sindicatos se transformarem em cooperativas de serviço.
Todas as pessoas -- TODAS -- seriam associadas a alguma cooperativa, enxugando o exército de mão de obra de reserva. Estas cooperativas de trabalho fariam sua planilha de custos como qualquer empresa capitalista. Aí entrariam casa, comida, transporte, vestuário, diversão, cultura, previdência, plano de saúde e tudo o que é necessário para se viver. A seguir, as cooperativas dividiriam seu custo total pelo número de sócios ativos, isto é, aqueles que fornecem serviços para outras empresas. Assim, ficaria sem sentido um empresário dispensar fornecedores de serviços, pois isto aumentaria o preço do trabalho (e ele não teria onde contratar a preços mais baixos, pois não haveria mais desempregados). Desta maneira, acaba-se com o desemprego. Não desemprego de 5% ou 2%. Desemprego zero! Sem emprego, sem desemprego.
A este arranjo, soma-se o de contratos de remuneração do trabalho conforme o desempenho das empresas (trabalho como custo variável). Se a empresa contratante vai bem, os benefícios são proporcionalmente repassados para os fornecedores de serviço. Se a empresa vai mal, há diminuição da remuneração do trabalho, mas ninguém seria demitido. Isto praticamente tornaria as recorrentes crises capitalistas em meras marolinhas, já que não há desemprego realimentando o sistema.
A PRIMEIRIZAÇÃO resolve também o problema político levantado por Ricardo Semler: o autoritarismo do ambiente empresarial. Hoje, vivemos um quarto de nossas vidas em um ambiente em que só o dono da empresa manda. Com a Primeirização, o ex-patrão torna-se parceiro e os fornecedores de serviços se organizam da forma empresarial mais democrática que existe: a cooperativa.
Socialismo da porta pra dentro, capitalismo da porta pra fora.
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